Deus chama! Quem responde?

Cléber, negro; Edson, branco; Maria, oriental; Letícia, branca. Você deve estar pensando: por que desta discriminação? Estas pessoas tão diferentes, nascidas em lugares opostos e distante umas das outras possuem uma única coisa em comum. Todas se decidiram por Cristo! Escutaram o apelo do senhor que não cessa em chamar: “eu estou à tua espera, para que minha palavra se realize”. (Jr. 1,12) Ouve-se muito em falar de falta de vocações, tanto na vida sacerdotal quanto na religiosa (freiras e irmãos), no entanto, Deus, por seu Filho, “não cessa de chamar os homens a si”.

Desde a Criação do mundo Deus chama os homens para ficar mais perto d’Ele. Assim foi com Eva e Adão, quando os “criou a sua imagem e semelhança”. Quando pediu para que Abraão saísse de sua terra e andasse pelo caminho que Ele indicasse. Em Moisés: “Vai! Eu te envio.”, e do mesmo modo foram com os demais:  Samuel, Amós, Isaias e Ezequiel. No novo testamento é próprio Filho que escolhe a quem deve segui-lo, o convite era sempre o mesmo: Vem e segue-me. Assim foi com Mateus, Tiago, João, Pedro.  Já outros, o Senhor, escolhe já em sua Glória como aconteceu com Paulo e Ananias (At 9,10). E como todo chamado exige uma resposta, todos responderam, mesmo que depois de várias vezes serem chamado, como no caso de Samuel, prontamente e com total disponibilidade: “Senhor, aqui estou!” (Gn 22,1-11; 46,2; Ex:3,4; 1Sa 3,9-10; Is 6,8; At9,10).

Na Tradição da Igreja, ah! Quanta gente fora chamada, e quantos foram os “sim”... Incontáveis. Santa Teresinha com apenas quinze anos entrou para o convento de Aliçon na França; Santa Teresa fogiu para o convento das carmelitas, aos 20 anos, depois de ler as cartas de são Jerônimo. Um santo muito famoso por seus escritos Santo Agostinho também respondeu seu chamado depois de uma busca intensa por Deus: “Ó, Beleza infinita, Te procuravas em todo lugar e estavas dentro de mim”. São João Maria Vianey, quão belo foi testemunho, mesmo encontrando inumeras dificuldades em sua vida não desistiu de sua vocação e seu chamado. Acabarei então por citar vários outros: Papa João Paulo II, que em plena guerra descobre seu chamado e entra para um seminário clandestino e Madre Teresa de Calcutá que já sendo freira, resolve abandonar a ordem e continuar sua vida religiosa nas ruas cuidando dos mais abandonados e empobrecidos. Também temos a Ir. Dulce aqui no Brasil que se entregou á causa de nossos necessitados, a Dr. Zilda Arns com seu trabalhos a favor da vida das crianças, eu e você. Quão são belos os seus testemunhos por causa do reino! E assim a história é construída por pessoas que disseram seu sim ao projeto de Amor.

Este chamado, aos quais alguns são convidados, não é em vão e muito menos para descanso ou comodismo: “Farei de ti pescador de homens”; “Ótimo! Vamos Descansar a beira mar, então.” È, antes de tudo, para fazermos uma experiência junto d’Ele, mais intima e mais profunda. Cada vocação, em sua essência, possui  uma beleza própria; nesta está no convite de convivermos com Deus e sentarmos a mesa junto de seu Filho; que não cessa de dirigir-nos o seu convite pessoal: “Vem e segue-me”. São muitos os jovens corajosos que atendem este  apelo, sentido pela inquietação de seu coração. Ser padre, ser freira ou irmão é coisa para gente que nasceu corajoso, forte e robusto: Corajoso em dar seu sim; forte na decisão e firme na fé.  “O convite é sempre de Deus” (JPII) ; é ele quem escolhe envia a missão, mas “é o homem quem responde”(JPII).  Somos enviados a sermos sinal d’Ele no mundo hodierno, para o homem que está sedento de Deus.

Deus chama, mas quem responde? Este “vem e segue-me”, ainda em nossos dias anda batendo e ecoando pelos ouvidos de vários jovens: moças e rapazes; homens e mulheres. Deus chama quem Ele quer e quando ele quer sempre segundo a necessidade de seu povo. Na Igreja, mãe e mestra, povo de Deus, esta vocação torna-se viva e completa. Ela quem age em nome de Deus chama e convoca estas pessoas, vocacionadas por Deus, para a serem “pedras vivas no templo do Senhor”.  Deus chama-nos à sua vinha para sermos seus humildes trabalhadores, como diz nosso santo papa, e assim ir por toda terra fazendo dos homens  filhos seus. Aqui é a beleza somos conclamados por Deus e não por um simples mortal; é o próprio senhor que nos olha e convoca... Este é o mistério de experimentarmos a grandeza de estarmos mais estreitamente ligado a Ele por seu amor.

Por conseguinte, a característica fundamental deste nosso chamado é, antes de tudo, ser homem e mulher de Deus. Pessoa compromissada com o evangelho e a causa do reino. E além de tudo isto muito entusiasmo e espírito jovem é necessário para cumprir bem a nossa vocação; e assim cumprir com fidelidade aquele convite que não cessa em ecoar em nos corações de vários rapazes e  moças: “Vem e segue-me”.

                                                                                                    Cléber Wanderlei Ernesto.